Nossa revolta pela morte de Hiago Bastos, mais uma vítima do racismo estrutural

Ontem foram Douglas Martins Rodrigues, Eduardo de Jesus Ferreira, Durval Teófilo, Agatha Vitória e João Pedro Matos, mas o tempo não pára a comunidade negra e, por isso, hoje lamentamos mais uma vítima do racismo estrutural e da violência policial. Hiago Bastos estava em mais um dia de trabalho como vendedor de balas na Praça Araribóia em Niterói quando foi assassinado por Carlos Arnaud Baldez Silva Júnior, um policial militar que, com a arma na mão, sentiu-se no poder de tirar a vida de uma pessoa inocente. 

Na última terça-feira, dia 15 de Fevereiro, como reação imediata à injustiça fatal, um protesto reuniu mais de cem pessoas no lugar em que o trabalhador faleceu. Com diversas bandeiras simbólicas sob uma só causa, a movimentação de luta e combate à hostilidade policial reuniu tanto manifestantes que conheciam Hiago como outros, que não o conheciam, mas que se conectaram pela solidariedade e pela dor de perder um semelhante. A polícia militar também estava presente, sem agir de forma agressiva, mas aparentemente indiferente aos gritos de revolta. 

Como sabemos, o corpo preto continua sendo visto como imoral até chegar o homem branco em sua cavalaria para combatê-lo. Por isso, a versão confirmada pela nota da polícia militar retrata Carlos Arnaud com suas nobres intenções de proteger uma pessoa que Hiago “tentava assaltar”, ao mesmo tempo em que as testemunhas que se encontravam na fila o descrevem como alguém desarmado que tentava vender seus produtos como sempre fazia antes de se desentender com um cliente. 

Até quando essa visão branco bom, negro mau vai perdurar? Quais são os limites do ódio racial? Quando tudo isso terá fim?

A realidade brasileira não nos permite pensar neste triste ocorrido como um caso isolado, conforme os estudos levantados na pesquisa: “Violência armada e racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial” pelo Instituto Sou da Paz, dentre os 30 mil das mortes por ações policiais em 2019, cerca de 78% foram contra pessoas negras.

Para os que continuam, cientes dessa brutal diferença, que não nos afeta apenas estatisticamente, fica o medo da agressão e todo o luto por um irmão, um pai, um marido e um companheiro pode trazer, sabendo que Hiago não será o último a sofrer nas mãos do racismo.

Precisamos fazer com que sua morte não tenha sido em vão; precimos gritar por justiça para que haja um futuro onde os jovens negros e periféricos possam ter o direito de viver. Nós, da Agência dos Jovens Comunicadores, continuaremos no objetivo de trazer informações sobre as violências que nos atingem em desigualdade, ressaltando a luta de persistência do povo até que ela não seja mais necessária.Vender bala não é crime! 

Texto por: Ana Beatriz Leite, Andressa Borges, Andressa Francisco, Brainer Lua Francisco, Diane Carvalho, Geovanna Le Gentil, Marcos Matheus Gomes e Samara Alves.



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